Studio Made in PB Entrevista: Dkiller Panda

Januncio Neto
Januncio Neto

Se você é fã de filmes, HQs, livros e games de terror vai gostar muito da nossa primeira entrevista internacional de 2015, provavelmente muitos de vocês desconheça o trabalho do estúdio espanhol Dkiller Panda, mas é bem provável que se transforme um fã de seu estilo particular de abordar o universo e personagens do gênero.

Criado em 1994 o estúdio é formado pelo ilustrador Juan Rubi e pelo escritor Carles Jiménez, artistas dedicados a seus projetos conseguiram desenvolver produtos além das HQs, todos dentro da temática que escolheram para dar vazão à sua criatividade.

Em sua primeira entrevista a um blog/site brasileiro, Juan e Carles nos contam sobre suas influências, negócios, cinema e também sobre o atual cenário das HQs na Espanha.

Esta é a primeira entrevista internacional do blog do Studio Made in PB em 2015, esperamos que possam curtir e aproveitar, pois estamos trabalhando para este seja um ano especial para todos. Divirtam-se !!! 😉

 

Blog Teaser - DKiller Panda

 

 

Januncio Neto – Como vocês se conheceram e quanto tempo levou para decidirem criar o Dkiller Panda?

Dkiller Panda – Nós nos conhecemos porque nossas ex-namoradas viviam juntas.

Dkillepanda começou por acaso. Carles estudou direção de cinema e eu estudei ilustração e começamos a trabalhar em diferentes projetos de quadrinhos. Precisávamos de um dinheiro para publicar um dos nossos quadrinhos (Cuentos de la Señora Muerte) e decidimos fazer uma exposição em um bar que pertencia a alguns amigos nossos.

Decidimos que a exposição seria sobre os ícones mais importantes do cinema de terror, e é assim que tudo começou.

 

JN – Vocês abordam em seus trabalhos o universo dos mitos e clássicos personagens de filmes de terror, como foi escolher este tema como base para as criações de vocês?

DKL – Bem, foi um processo muito fácil de escolha. A coisa que mais nos une, em nossos estudos, são os monstros. Eles foram o nosso ponto de partida, o lugar onde pudemos nos encontrar, onde os nossos mundos colidiram e ainda são.

Sem monstros, Dkiller Panda não existiria.

 

JN – Quais foram as maiores influências de vocês e qual é o impacto delas no seu trabalho?

DKL – Nós somos muito abertos em relação as nossas influências: do horror criado pela Universal ou Hammer, até Akira Toriyama, e também Frank Frazzetta ou Edward Gorey. A partir de cada artista, temos tentado seguir seu estilo, humor, e composições. Em muitos casos isso já aconteceu como normalmente acontece, inconscientemente.

Quando enfrentamos uma página ou tela branca, o início é definido por pequenos elementos dessas influências. Então algumas pessoas acham influências em nosso trabalho que nós mesmos não reconhecemos ou não sequer ouvimos falar.

Recentemente, Jan, o autor de “Super López”, confessou-nos que ele encontra elementos de Kandinsky. E nós nunca havíamos dito isso!

 

Blog Teaser - DKiller Panda Studio
Dkiller Panda: Juan Rubi (Desenhista) & Carles Jiménez (Escritor)

 

 JN – Você são o que eu chamo de “artistas empresários”, como é ter o controle sobre toda produção e o trabalho com o licenciamento dos produtos de vocês? Vocês conseguem viver exclusivamente do resultado dos seus trabalhos?

DKL – Infelizmente viver na Espanha e se dedicar exclusivamente aos quadrinhos sem trabalhar para editoras estrangeiras é muito difícil. Por causa da crise econômica, um monte de lojas de quadrinhos, estúdios, editoras, etc. desapareceram.

Embora esta situação seja muito difícil na Espanha, não desistimos e continuamos trabalhando e lutando para ajudar o cenário dos quadrinhos a se recuperar.

 

JN – Como foi o processo de criação das coleções “Monster Theatre” e como foi ter esses toys comercializados pela Dark Horse Comics? Além dos toys, vocês conseguiram publicar algo no mercado norte americano?

DKL – A coleção “Monster Theatre” foi apresentada na San Diego Comic Con. A Dark Horse ficou então interessada em distribuir nossos brinquedos. Para nós, esta era uma situação de muita sorte porque as vendas e popularidade do estúdio, e as nossas obras, aumentaram drasticamente.

Infelizmente, nós nunca publicamos nos EUA. Esta é uma questão pendente para nós!

 

JN – O mercado espanhol deve ser muito plural no que se diz respeito a produções de artistas locais, infelizmente no Brasil é muito escassa a publicação de quadrinhos europeus. Qual a realidade do cenário das HQs na Espanha atualmente?

DKL – O mercado espanhol teve um momento de ouro, mas infelizmente, tem diminuído e no momento está em recessão total.

 

JN – Qual foi o trabalho de vocês que teve mais destaque entre o público e em quais projetos vocês estão trabalhando atualmente?

DKL – Provavelmente, o nosso projeto mais conhecido é a coleção “Monster Theatre” de brinquedos. A distribuição internacional foi muito boa, mas neste momento é muito difícil encontrá-los na Ásia ou na América. Na Europa, há alguns lugares onde você pode encontrá-los, mas provavelmente nós estamos com os últimos brinquedos. As coleções de camisetas e o livro “Monster Theatre Show” também funcionaram muito bem.

No momento, estamos trabalhando na nova versão de “Cuentos de Poe”. Desta vez, será uma versão estendida, onde você será capaz de encontrar contos, poemas e a biografia de Edgar Allan Poe.

 

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JN – Voltando a falar sobre personagens e filmes de terror, quais obras (livros, filmes, games ou animações) do gênero vocês consideram essenciais?

DKL – Talvez devêssemos começar voltando ao início. As histórias de Poe são uma grande referência para nós e pensamos que todo ser humano deve lê-los. Lovecraft também é um escritor que nos influencia profundamente, e nós esperamos poder adaptar alguns de seus trabalhos no futuro.

Mary Shelley, Isaac Asimov, Goethe … indispensável. Se falamos de filmes, Nosferatu, Metropolis, filmes clássicos da Universal e Hammer, Amicus, Full Moon, Troma … Não podemos escolher apenas um! No mundo da animação, somos grandes fãs de Toriyama, Otomo, Tezuka, Miyazaki, Matsumoto … mas também Aardman, o início da Disney, Heavy Metal, etc.

 

JN – Eu vi o primeiro episódio de “Monster Hunter”, achei muito divertido e com um potencial muito grande, talvez até para um vídeo game. Como esta este projeto atualmente e quais as chances de vermos a continuação desta animação?

DKL – “Monster Hunter” quer prestar uma homenagem aos filmes de terror dos anos 80 com crianças como personagens principais. As influências são “The Gate”, “Lost Boys” ou “Monster Squad”. A referência mais clara é a série de animação “Dungeons & Dragons” (Caverna do Dragão), é claro. A ideia é fazer com que 20 capítulos de um minuto, onde as crianças protagonistas devem enfrentar um monstro. É verdade que o projeto tem em vista mais tarde a ser desenvolvido como um video game.

Infelizmente não temos o apoio econômico para desenvolver esta série e agora ele está em “stand by”. Talvez no futuro possamos trabalhar neste projeto novamente e terminá-lo corretamente.

 

 

JN – Em quais países vocês já conseguiram publicar seus trabalhos e vocês tem contatos com fãs brasileiros?

DKL – Nós temos uma boa anedota: em um dia de trabalho no estúdio, alguém bateu em nossa porta. Um casal brasileiro veio passar as suas férias em Barcelona e decidiu vir para dizer oi e mostrar o seu interesse em nosso trabalho. Eles nos deram alguns livros de autores brasileiros que nós realmente gostamos.

Além da Espanha, temos publicado na Itália (Monster Theater book e Cuentos de Poe) e Chile (Cuentos de la Señora Muerte). Nos EUA nós só trabalhamos com a coleção de brinquedos.

 

JN – Vocês tem interesse em publicar no Brasil? Já tiveram alguma oportunidade de vir participar de algum evento em nosso país?

DKL – Nós nunca tivemos a oportunidade de participar em eventos brasileiros, e gostaríamos de publicar nossos livros no seu país. E, é claro, de fazer uma retrospectiva do que tem sido e é Dkiller Panda desde a sua criação até o momento atual.

Pelo que sabemos atualmente, a cultura brasileira é muito rica e vive uma autêntica explosão de criatividade. Nós realmente gostaríamos de participar dessa situação no Brasil, e precisamos de algo parecido na Espanha. Depois de anos de prosperidade, a crise econômica deixou o mercado de arte e cultura em ruínas. Quando tentamos participar de sua recuperação só encontramos centenas de obstáculos e barreiras.

 

JN – Gostaria de agradecer por esta oportunidade e espero que através desta entrevistas, mais brasileiros venham a conhecer o trabalho de vocês. Muito obrigado!

DKL – Obrigado por nos contatar e chegar mais perto do universo Dkiller Panda.

Como em todas as exposições artísticas, se não há feedback, o trabalho não existe. Obrigado!

 

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Se você ficou interessado em adquirir algum dos produtos criados por Juan Rubi e Carles Jiménez, você pode acessar o site Dkillerpandashop e assinar a página no Facebook.

*Agradecimentos a Jonathas Pessoa pelo trabalho de tradução.

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